Longa que narra a divertida história de amor tem direção de René Sampaio, sócio da Barry Company
Ainda inédito nos cinemas brasileiros, o filme Eduardo e Mônica foi premiado pelo tradicional Edmonton International Film Festival. Realizado no Canadá desde 1986, o evento é termômetro para as indicações estrangeiras ao Oscar.
O longa é uma comédia dramática baseada na icônica música composta por Renato Russo e gravada pela banda Legião Urbana no álbum Dois, clássico do rock nacional. A direção é de René Sampaio, sócio da Barry Company.
“Acho que esse prêmio vem em um bom momento para ajudar que as autoridades e o governo se organizem para que possamos promover de fato a cultura brasileira com sua pluralidade total”, disse Sampaio em entrevista ao canal GloboNews.
Quando os opostos se atraem
Alice Braga e Gabriel Leone estrelam a história de amor imprevisível entre os dois jovens que protagonizam a canção. Como cantava Renato Russo, numa letra decorada por boa parte dos brasileiros que viveram a década de 1980, Eduardo e Mônica não eram nada parecidos: “ela fazia medicina e falava alemão, e ele ainda nas aulinhas de inglês. Ela gostava do Bandeira e do Bauhaus, de Van Gogh e dos Mutantes, de Caetano e de Rimbaud. E o Eduardo gostava de novela e jogava futebol de botão com seu avô.”
A trama é ambientada em 1986, ano do lançamento de Dois. Fabricio Boliveira, Victor Lamoglia e Otavio Augusto também fazem parte do elenco.
Eduardo e Mônica, o filme, foi gravado em 2018 em locações no Rio de Janeiro, em Brasília e na Chapada dos Veadeiros. O roteiro é de Matheus Souza, Claudia Souto, Michele Frantz e Jéssica Candal. Já a trilha é assinada por Lucas Marcier, Fabiano Krieger e Pedro Guedes, do ARPX Estúdio.
Inicialmente previsto para chegar às telas em 12 de junho de 2020, Dia dos Namorados, Eduardo e Mônica teve estreia adiada com a pandemia de Covid-19. Segundo Sampaio, a equipe de produção optou por esperar o momento adequado para exibi-lo nas salas do Brasil.
Salvação pelo amor
René Sampaio já havia se debruçado sobre o legado de Renato Russo e da Legião Urbana – grupo de sua cidade de origem – no filme Faroeste Caboclo, de 2013.
Rodado em espaços como a Universidade de Brasília (UnB), o Parque da Cidade, a Esplanada dos Ministérios, a Praça dos Três Poderes e o Lago Paranoá, o longa convidou os atores Fabrício Boliveira e Ísis Valverde para os papéis de João de Santo Cristo e Maria Lúcia.
Com Felipe Adib como Jeremias, Antônio Calloni como Marco Aurélio e César Troncoso como Pablo, Faroeste Caboclo venceu 10 prêmios – 7 deles pelo Grande Prêmio do Cinema Brasileiro.
Nascido no mesmo ano que Brasília, onde passou a juventude, o carioca Renato Russo foi um dos maiores cronistas do nosso tempo. A capacidade do artista para entrelaçar relacionamentos afetivos com o avanço da capital federal tem em “Faroeste…” um de seus momentos mais arrebatadores.
A composição de 161 versos e nenhum refrão, presente no disco Que País é Este?, de 1987, conta a trágica saga do nordestino Santo Cristo: da fuga da miséria e seca – realidade ignorada pelo poder público – à paixão arrebatadora por Maria Lúcia, passando pelo desvio para a criminalidade, a busca por aceitação, a morte em praça pública e a santificação.
Em uma película ousada, Sampaio (diretor e produtor) aprofunda os temas políticos da composição bangue-bangue, que desafiou radialistas com seus nove minutos de duração, diversos palavrões e duras críticas ao governo. No roteiro de Faroeste Caboclo, estão José Carvalho, Marcos Bernstein e Victor Atherino. A trilha é de Lucas Marcier e Philippe Seabra (Plebe Rude).