X
X

Projeto ‘Replay’ valoriza música brasileira em série organizada pela Barry Company em parceria com a Globo

Com patrocínio da Devassa, temporada de estreia do programa convida expoentes da nova geração para regravar obra-prima do Novos Baianos 

 

Com presença de 10 artistas da nova geração e sob o olhar de Baby do Brasil, Paulinho Boca de Cantor e Pepeu Gomes, a equipe da Barry Company produziu 12 episódios para a série exibida pela Globo. Foto: Divulgação/Globo.

 

Os sócio-fundadores da Barry René Sampaio (cineasta dos filmes Eduardo e Mônica e Faroeste Caboclo) e Krysse Mello (diretora geral da agência), o líder de conteúdo da companhia José Francisco Tapajós e a produtora executiva Juliana Funaro formam o núcleo duro do projeto Replay, que teve estreia em 2020 na Globo

Na série anual, Sampaio (diretor da trilogia de filmes baseados em antológicas canções de Renato Russo, da Legião Urbana) divide a produção com Mello e Funaro (também produtora executiva do programa) enquanto a direção fica a cargo de Tapajós, autor de longas como Justiceiros

Com uma relação íntima com a música desde a origem na capital paulista em 2015, a Barry Company (uma das principais agências de audiovisual do país) se debruça sobre Acabou Chorare, segundo álbum do grupo Novos Baianos

Sede das gravações de Replay, no Rio de Janeiro, a Som Livre é a responsável pelo lançamento do clássico disco, em 1972, e pela curadoria artística e produção musical da novíssima série.

 

Paulistana, a cantora e compositora Maria Gadú é convidada da 1º temporada de Replay, projeto que homenageia o álbum Acabou Chorare, do Novos Baianos. Foto: Divulgação/Globo.

 

Estética renovada

Sob influência do movimento tropicalista e de João Gilberto (amigo do letrista Luiz Galvão, com quem o Novos Baianos conviveu após a mudança para a capital carioca no início dos anos 70), Acabou Chorare é o melhor disco da música brasileira, segundo a revista Rolling Stone

Coletânea de pérolas como “A Menina Dança”, “Preta Pretinha”, “Besta é Tu”, “Mistério do Planeta” e a faixa-título, o LP apresenta uma identidade própria e libertadora, em que sonoridades regionais (com raízes africanas e indígenas) se impõem às referências internacionais (ou ocidentalizadas) que marcam o debute do grupo – o psicodélico É Ferro na Boneca, de 1970. 

Na trilha do caminho aberto por artistas como os conterrâneos Gilberto Gil, Caetano Veloso e Tom Zé, e com altas doses de virtuosismo, a banda aprofunda em Acabou Chorare o intercâmbio da guitarra elétrica com cavaquinho, chocalho, pandeiro, agogô, entre outros instrumentos que definem um Brasil então compreendido como “tradicional” pela juventude. 

Construído coletivamente em um sítio em Jacarepaguá (zona oeste do Rio), o álbum conquistou a crítica pela complexidade dos arranjos de Pepeu Gomes e Moraes Moreira (que morreu em abril do ano passado), a desconstrução da linguagem em letras antagônicas à rigidez dos tempos de ditadura (“tin gon tin gon gon gon guin/ acabou chorare, ficou tudo lindo”) e os vocais descomplicados da niteroiense Baby Consuelo (hoje Baby do Brasil) e de Paulinho Boca de Cantor

A formação ainda conta com Jorginho Gomes (irmão de Pepeu), José Roberto (que faleceu em 2003) e Dadi Carvalho, que mais tarde dariam rumos próprios ao grupo de apoio do Novos Baianos: o cultuado A Cor do Som. 

 

Replay tem René Sampaio (Eduardo e Mônica, Faroeste Caboclo) e Krysse Mello na produção, e Juliana Funaro na produção executiva. No destaque, o grupo Francisco el Hombre, originado em Campinas (SP). Foto: Divulgação/Globo.

 

Passado e futuro

Capitaneada pela equipe da Barry, a produção de Replay envolveu cenas de estúdio e bastidores, que compuseram um hub para o portal da Globo – entrevistas, matérias e clipes ao vivo, gravados na virada de agosto para setembro.  

As cantoras Maria Gadú (“Acabou Chorare)”, Xênia França (“A Menina Dança”) e Céu (“Tinindo Trincando”), a dupla especialmente formada para o projeto Letrux + Iolly Amâncio (“Preta Pretinha – reprise”), os cantores Marcelo Jeneci (“Mistério dos Planetas”) e João Cavalcanti (“Besta é Tu”), e os grupos Afrocidade (“Um Bilhete pra Didi”), Gilsons (“Swing de Campo Grande”), Onze:20 (“Preta Pretinha”) e Francisco el Hombre (“Brasil Pandeiro”) aceitaram o desafio de dar novos ares às composições do emblemático disco, que completa 50 anos em 2020.

Concebido por Tapajós, Replay levou cinco anos para sair do papel. “Fiquei muito surpreso ao ver toda uma geração que não conhece Acabou Chorare”, o diretor declarou ao Gshow

A Devassa patrocinou o programa, que entregou ao público 12 episódios em vídeo e um álbum, disponibilizado gratuitamente em plataformas digitais. O disco ainda ganhou edição em vinil, limitado a 300 cópias.

“Quando nos posicionamos no mercado com uma boa energia de trabalho, coisas boas gravitam à nossa volta. As pessoas começam a mandar projetos, a nos procurar para parcerias”, Sampaio declarou em entrevista ao site Tela Viva

Dar continuidade ao Replay é um dos planos da Barry para 2021 no território da TV e do streaming. À lista de produções, somam-se as novas temporadas da série Impuros (dirigida por Sampaio) e do programa Bar Aberto (reality show exibido pela Band). 

Na tela grande, Táxi para Cisjordânia, de Sandra Kogut, em coprodução com a Primo Filmes, e Aurora, de Karim Aïnouz, estão entre as promessas da agência, assim como a estreia nos cinemas do aguardado – e já premiado no exterior – Eduardo e Mônica.